Poesia - Marina Alexiou

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Quem poderia entender a qualidade e os caminhos
Que indicam a fortuna
Entre tantas promessas, o alvorecer poder ser
Indicação de tortuosos presságios.
Interstício lunar. Luminosidade fria
A cobrir a pressão que amassa as tenras vinhas
De precipitada colheita. Invernal.
Interregno de um reinado que aguarda a sua vez
E que, timidamente, busca nas marcas dos passos
Que impregnam com a rúbia cor do ocaso,
O símbolo do seu nome.
O líquido contido no odre como manto e coroa
Arrasta atrás de si a invisível trilha
Dos muitos percalços que enfeitam
O longo tapete como pedras preciosas.
Com seu brilho fulgurante e mágico de inesperados truques
E sortilégios, terrores e tormentos,
Aparições e encantos de múltiplas ordens e ordenações.
E assim, termina por embebedar com a sua poção
Os sedentos da longa jornada
Empreendida na escuridão da nudez e do assombro
Na paisagem que lentamente se extingue
Perante os seus olhos emudecidos e esperançosos....