Editorial

from "003 [entranha velhice]"
by enVide neFelibata
You never know God is all you need
until God is all you have.

Rick Warren

Março TUDA!

TUDA falou de vida, de morte e de limbo. Agora fala de velhice, estado intermediário de tudo isso que nem todos experimentam - uns por azar, outros por sorte. Se a velhice não trouxer sabedoria, melhor é partir de fininho, sem causar alarde!

Comum é clamar que bom seria ter o vigor da juventude com a experiêcia e sabedoria da velhice. Talvez, ter a experiência e a sabedoria da velhice no auge da juventude valha mais a pena...

Que o companheiro Chavez descanse em paz. Em meio a todas as polêmicas, os números mostram que ou os fins justificam os meios, ou a democracia é realmente o maior engodo da humanidade! Ao menos essa democracia que conhecemos, esse regime onde o poder de tomar decisões políticas não está, eu disse NÃO ESTÁ, com os cidadãos, mas sim com os donos da bufunfa! É o totalitarismo do Capital, representado por nossos ilustríssimos políticos, eleitos direta ou, quase sempre, indiretamente, numa das maiores farsas da humanidade, que representa sua cena de tempos em tempos, em forma de eleições!

E na Contra-Lamúria vem TUDA, com os já conhecidos pyndahýbicos, deste e de outros mundos, TUDA paupérrima, aborda onde possível - sem interferir nas colaborações - esse outro tema da vida: a velhice.

Desnecessário dizer, como sempre, TUDA traz muita coisa boa, e novidades também. Confiram na Dívida Interna.

TUDA, no prelo...
Aquela passagem entre Paddy McGovern e seu amigo Mr. Banker aqui ilustrada, continua evoluindo... Paddy, que agora precisa pagar o empréstimo que fez para honrar as aventuras do amigo Banker, anda desesperado atrás de um acordo com o andar de cima! E a coisa aparece na Mídia - outro abutre além do Mercado Financeiro - como se o "calote" fosse dele! Atrapalhado em suas ações, perdido em seu anti-rumo, McGovern só faz bem é aumentar a fatia do bolo que todo mês toma do Zé Povinho, aquele mesmo pobre coitado, que agora, só porque tem a sorte de ter uma casa, geralmente herdada de tempos em que os preços eram reais, herdou também uma nova obrigação: depositar uma quantia anual no bolso de McGovern, para que ele possa limpar a sujeira de Banker...

Se tem gente vendendo o almoço para poder comprar a janta, como justificar tal extorsão? Terão que vender o almoço de dois dias para poderem jantar uma noite?
1: - Por mais injusto que seja, ainda soa engraçado...
2: - Pois é... e quando a gente não puder mais rir?
1: - Humm... melhor deixar pra lá, né?
2: - Tem algum jogo na TV hoje?!?


É isso aí companheiros, ficção à parte, lá vamos nós, na suja LabUTA do dia a dia, deslavada e descheirosa, contra o nepotismo descarado não só do financeirismo, sem (sic) mesmo, que continua a cometer seus crimes de massa, usando suas armas de destruição em massa, que gente ainda chama de Democracia,  enquanto a bandidagem do colarinho transparente comemora suas bufarinhas inumanas,  ainda mais desumano são outras formas de poder absoluto, vide o ex-Papa não pop, que teve que fugir às pressas, abandonar o barco em pleno naufrágio, porque a igreja que comandava não tem mais lavanderias disponíveis para lavar tanta roupa suja... a roupa das milhares de crianças abusadas mundo afora, ao longo dos anos, décadas, quiçá séculos.

Só na pressão, que é na pressão que porca torce o rabo, que o tatu sai da toca e a cobra vai fumar...

A vaca foi pro brejo.

Tô cansado...

Asyno Eduardo Miranda
o (auto-proclamado) editor
deste porto aimdassymseguro da jlha do Eire
oje, segº dia do terçº mez
d este Anno Domini de MMXIII

Dívida Interna

Self-flagellation - Day of Ashura

Editor
Eduardo Miranda

Capa
José Geraldo de Barros Martins

Digitação
Eduardo Miranda

Revisão
dos autores

Participam desta edição:

E-mail
tuda.papel.eletronico@gmail.com

Poesia - Arnaldo Xavier

Bone Heart, 48"x48" Spray Enamel on wood panel.
Ricardo Porven

subsenhor     Contraluz saio desta moldura           A deixar n'olhar
movediço de pêra decomposta     vazio pulso cortado     a abreviar
páramos campos galáxias     rastro sanguiluminoso    dest'Acauã
como mão vermelha passa pela fresta opaca do bolso    A ostentar entre
o espelho e a pedra     o brilho e o pó     O coração como se fosse um o$$o


[ in Lud-Lud, Casa Pyndahýba Editora, São Paulo, 1998 ]

Poesia - Aristides Klafke

Even Fiends Need Friends, by Andy Kehoe

3

Pego o P da tecla e o ponho de pausa
Pego o P -- de novo -- e o ponho de pus
Pô-lo de pus depois da pausa veio natural
Meu modo de escrever é assim
O P em minha mão vira pirueta
E para papagaiar a linguagem
Espremo um ponto como espremo um Q
Pego o ponto, e o Q, o bagaço do ponto, e do Q
E os sugo pelo orgasmo que eles dão
Escrevo qama, não cama. Qafka não Kafka
O uso em Qabral, Qamões, Qasmurro...
Com a lingua qabocla que possuo
Falo do amor fadado a rascunho
Do amor pelo eterno indeterminado
Pelo branco, pelo vago, pelo ausente
Escrevo de graça, fiado
Por capricho escrevo francamente
Desfruto de cada sentença
E fé na humanidade -que coisa inclemente!
É o que me faz compor este poema
Por regozijo (palavra é fogo!)
Invoco Dionísio e seus ditirambos
E para o deleite de visionários e videntes
Digo obrigado, muito obrigado, e terra à vista!

[ in Quebrada, inédito ]

Poesia - Plínio de Aguiar


Dream - Jacek Yerka
FRAGPÓLITO

danço Pulp Fiction abraçando John Travolta com
braços de inveja
vivo enfim abraçado dançando com a memória vivo
porque não sei fazer outra coisa
como dançar twist sob olhar de Tarantino e deuses
olímpicos

vejo a cabeça do poeta Firmino
refletindo calva Rocha
sol itabunense

(suas mãos partiam cacau
roubado pelo latifundiário
escondido no bolso do paletó
escondido do salário)

“Mãe!”
o rio Cachoeira só poderia sugerir
cachaça para molhar o silêncio

a madrugada vem com seus motores
de combustão ultrapassada
domingo
o tempo tem gosto de ressaca

na cabeça apoiada ao travesseiro
o futuro planeja o assassinato da matéria

olhe
a máquina tem muitos ouvidos
a cama muitos fantasmas

é incrível como uma boca pode erguer-se nítida
comendo o sol o milho o papel mantido
não é um corpo só
são dois
três
Infinito de limites porosos

e então fico
e então digo a necessidade de amanhecer entre pedras
é um amigo que responde
é amante que sobe a escada de quatro pés
e beija a porta
e clama a morta luz do luar

que solidão desaparece no abraço?
que morta paz se encontra na sola do sapato
coberta do pó da revolta?
que invenção pode demonstrar a dimensão
revelada dos olhos?
qual é a mansão que contém verdadeiros recônditos
do pé?
qual é?
sonho infinitamente com uma cor que não
corresponderia a um coração desejado

anos oitenta ângela nolasco
sombras coloridas de ontem
outras
correntes
ignoram a luz

sombras sacadas de coldres
como dizer?
fui criado para consolar passado
manter passo
sobre flores

sombras
claro
de seios
cheiro de musas desvirginadas
sombras sobre pedregulhos
arrastam palavras

que nos fez nascer que nos faz morrer
dia a dia nas veias ossos até nos planos
mínimos máximos toque e reverso
de toque o inverso universo o diverso
quem?

que nos fez que nos faz e cabe nos extremos
a articulação da pergunta lá
e cá o degrau
degrau degrau degrau
infinitamente multipliquem-se por quatro

venha
o sonho tem quatro partes
o desconhecido acidente da liberdade
o ódio da mãe
o continente mal feito da barba
o ouvido que não tem o olho necessário para
saborear

anfiteatro
aterradoras
mãos
contato ausente
ressonante
peito infla-se sente
que o rosto
mantém
o dia
amarrado como uma máscara

esqueço a personagem mitológica
enfio-me em teus cabelos
imagino víboras lavadíssimas
com xampu
cuidadosamente despenteadas
esqueço as serpentes um momento
e pergunto por que tantos sapatos
de altos saltos

enfio o nariz
surpreende-me sempre
o aroma industrial

há outros caminhos
distantes de violinos
de parnasos pavões finos

há com certeza outros ilhéus

William S. Burroughs
late show “listen to my
heartbeat”

na bunda quente
de Laurie Anderson

sem ser exata, vez em quando
poesia arrisca-se matemática
lata
de muito canto muito puro rápido
encanto
não exata
é torpedo em peito indefeso
não é grata a metros
forjados no laço da última flor
do Lácio
nem exibição de palavra

mas contenção de rios mais roda
menos caminho

em busca de século e sangue
ritos invento nas cidades e
espaços onde rodopiam
desejos
poesia não é exata
mas lata
com 11 038 acasos
ricto desdentado do velho em farrapo
no terminal rodoviário
                                      

Poesia - Santiago de Novais



Foto enviada pelo autor
Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%B4nia_de_Moraes_Angel
mantra tropicalista tudiano

velas ao vento vamos visitar o poleiro onde se penduram inteligentsia tropical e ex-comunnards arrempedidos de Rolex pero com seus chocalhos de cascavéis os Bons Selvagens
e uma banana de Chiquita e uma piriquita e agora é que fudeu, Fidel está velho e o poeta está morto  e quando o poeta morre morto  vento solar morre o salar morre a brisa e rebolados

a hora de Marx e o capital era a boa hora mais bonita do dia na Sibéria da OBAN, a rinha
o voto                   que vi                    o disco voador                   quase fui hippie
a prisão                que li                     versicolor                            senticalooor
o anti-bossanova             que fiz  sem caetano      alalao ôÔô                           perdi a voz
o jovem guarda                 indiferente passou          colada por mim

O Vargas  tal o  Gama e Silva  e todos se fuderam de tardinha na Moldávia da Marinha

dois exilados em Londres não fosse Jards teriam voltado antigos baianos + Macalelé nada
o minuto
que quis
amor
passou

patifaria, diria, todos  os revolucionários anti-sistema burguês-exploração operária
hoje nababos do capitalismo e sua baba viscosa tão Lula ou O Grande Falso trotskista
 sua neo-personalidade-burguesa-patife na brisa da maresia rica da mais valia

Oh!paulistas bolcheviques sindicais e tropicalistas novos  neo-capitalistas semióticos
o mesmo que um leite azedo o mesmo que braço de urso touche pas à mon pot

agora todo  bonitinho no Mall no Beaubourg   comendo  trabalho escravo e praquê então se vestiu e saiu e se pintou e foi no Chacrinha e chorou o exílio e disse Solidarnosc e se calou na morte da Sister Dorothy  a destruição da Amazônia o amor livre o poema envenenado e MR8?
E aquela  doidona com  filha gerada no disco voador que agora é pastora anti-gay tal prole  do ser um homem feminino não fere meu lado masculino se Deus é menino e menina?

velas ao vento! quem mandou todos usarem sálvia e não serem Mautner ou Blavatsky